quarta-feira, 11 de setembro de 2013

last beautiful girl

Você sente falta de muitas coisas, de sensações que nunca sentiu, situações que nunca passou, pessoas que nunca conheceu, amores que nunca encontrou, vidas que há muito viveu.
Não? Eu sinto, uma nostalgia de épocas, sensações e lugares estranhos a mim, ao menos ao meu corpo. Minha alma anseia por voltar, relembrar, reviver.

A confusão é inevitável, vontades e necessidades em uma batalha campal constante, sem trégua. O suor escorre junto com o sangue de quem, confuso, está exposto.

Fluxos convergem e divergem, mais parecem um rio pelo qual sou levado. Quando reúno forças faço uma escolha, ou outra, mas parece que esse tal destino teima em cansar-me para não desviar do curso de seu rio, vezes calmo, vezes descontinuado, por pedras e quedas.

O magnetismo do coliseu de minha mente muitas vezes cega-me para as doçuras que essa vida e corpo me oferecem, afinal quem não gosta de um bom espetáculo.

Trata-se de uma questão temporal, ou você aproveita o presente ou virará um museu, relegado a ser enchido por pessoas de passagem, sem nenhuma intenção de permanecer ali por mais tempo do que o suficiente para admirar o que lhes convém. Lembre-se (o-me) porém que algumas pessoas desejamos que fiquem, e não adianta adicionar cafezinhos e lojas de souvenir para aumentar o interesse das pessoas, ninguém, eu repito, ninguém vive em um museu.

Feridas, sulcos profundos em sua existência tem um propósito, ensinar-lhe. Aprenda, compreenda e desapegue-se, de outra forma ao invés de construir algo produtivo como um castelo ou fortaleza com a pedra que em ti tacaram, estará construindo uma morada de uma pessoa e diversos transeuntes.

Perdoe, mesmo doendo,
Viva, independente de,
Ame por, apesar de.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Gralham sem parar

Era uma noite daquelas, de dias que não eram nem de verão, nem de outono.
Pensamentos voavam, gralhando sem parar. Tentava, sem sucesso, prender alguma daquelas aves para poder começar a tentar entende-las. Atormentam-me a tanto tempo, imagens de chances desperdiçadas, passados indesejáveis, possibilidades de futuros sem muito futuro.
Nuvens de pensamento brigando entre si, agrupando-se e somando-se, formando tempestades estrondosas, incomparavelmente mais barulhentas do que um bando de aves selvagens. Filmes completos de momentos repudiados, isolados da realidade, jogados ao inconsciente, irracionalizados.
Filmes projetados em nossos pensamentos por períodos de introspecção - de auto-reflexão - em que busca-se um propósito, uma razão de ser. Um menino que cisma em cutucar uma colmeia de tempos em tempos, um dia deixa de ser menino, resta saber se os motivos para que ele nunca ficasse muito tempo longe das abelhas, os sentimentos e desejos, serão suficientes para ele querer aprimorar o seu contato, evoluir e tornar-se um apicultor.
Nem todas as nossas aves serão capturadas e estudadas, porém quanto mais tentarmos compreender pensamentos selvagens, mais conseguiremos. Sabendo que a consciência plena - a identificação completa de todos os pássaros selvagens - é algo que transcende a nossa existência mundana.
Transições estacionais necessárias para que o ciclo universal complete-se uma vez mais, em escala terrena. A necessidade de controle sobre ciclos é algo intuitivo, sabemos de sua importância sem racionalizar sobre o assunto. É algo indispensável para nos desenvolver, utilizando tais transições cíclicas em nosso favor.
Evoluímos e adquirimos tamanho conhecimento que conseguimos prever muitos eventos cíclicos, qual motivo justifica o fato de que a vida, ainda permanece-nos tão incompreendida?
Na esfera metafísica poderíamos comparar tal controle de ciclos às teorias reencarnacionistas. Podemos facilmente compreender os ciclos vitais de algo não-vivo - a alma, metafísica - na busca de um aprimoramento como um todo - um espírito - afinal esse parece-me ser o objetivo de tudo no universo físico, uma força metafísica buscando procurando adquirir conhecimento, buscando uma ordem em meio à todo o caos, "ordo ab chaos". Levo em consideração o conhecimento físico de que o universo tende a desordem, pergunto-me então, como explicar tamanha ordem existente? Não estou dizendo que somos a única ordem em meio à todo o caos, muito menos que somos a pura representação das forças metafísicas que nos alimentam, mas simplesmente descrevendo uma opinião sobre a nossa ínfima existência, que parece repetir-se de certo em certo tempo, cometendo, em suma, os mesmos erros, num looping infinito.
Erramos ao não nos importarmos com o outro e deixarmos sentimentos negativos florescerem, malditas ervas daninhas. São a representação pura da desordem infinita, que busca infiltrar-se em nossos lares, não só os físicos, impedir-nos de cooperarmos com o próximo. Não assimilamos que buscando o melhor à todos, todos teríamos o melhor. Falhamos ao perceber que o todo é muito maior que a simples soma das partes, quando todos ajudarem-se, ninguém ficará necessitado e melhoraremos como um todo, como espécie, não as custas de um semelhante.

domingo, 21 de abril de 2013

Aquele garoto...

Aquele garoto, pobre garoto, de dia e no quente,
Sorriso com dentes.
Brincadeiras saltitantes,
Alegres, dançantes.

Aquele garoto, pobre garoto, de noite e no frio,
Ao lado do rio, faminto e sozinho,
Imundo, dormindo.

Não tinha culpa, não tinha nada,
Era o que lhe diziam,
Sempre que possível.

Acordava esperando dormir,
Sonhava em poder sonhar,
Em não acordar.

Sono eterno,
Problemas zero,
Sonho infinito,
Amor resolvido.

Em sonho ninguém mente,
Dizia o pequenino esperançoso.

Sonhava com um colo amoroso,
Um abraço caloroso,
Porque não com um mundo honroso?

Uma mãe com quem conversar,
Alguém em quem pudesse confiar.
Alguém que dele cuidasse,
Amasse.

O menino cresceu trabalhou,
Muito se decepcionou,
Falsos amores amargou,
Sozinho continuou.

Quem conheceu o menino enquanto homem,
Nunca soube o que se perdeu
Em algum lugar da estrada,
Um sonhador a esperança esqueceu.

O colorido escureceu,
Entristeceu.

Não entendia mais como poderia
Sonhar com um mundo verdadeiro.

A humanidade em ciclos,
Brinca com o futuro,
Passado e presente.

Jogam ao ralo a vida,
Dos outros e, então, as suas.

Não compreendem a ligação,
Esquecem que somos todos um.
"Do pó viemos e ao pó voltaremos."

quarta-feira, 17 de abril de 2013

sociedade injustiçada

Estudantes e professores tem uma certa tendência a esbravejar verdades subjetivadas coletivamente, mas não tão coletivamente assim, sobre como a sociedade e seus valores, impostos a nós, manipulam o comportamento humano. Pergunto então, o que é a sociedade senão nós mesmos? Vejo a sociedade como um tipo de corpo, materializado pelo coletivo de diversas pessoas, onde tudo o que é pensado, sentido, valorizado, seja controlado pela predominância de pensamentos. O problema é que algumas partes do corpo tendem a se rebelar contra o mesmo, mais ou menos como quando o coração diz que sim e a cabeça diz que não. A sociedade entra em colapso, uma doença, ou simplesmente uma mutação, sócio-psicológica do tal corpo imaginário, percebemos facilmente este fenômeno com a constante mudança de valores, as brigas dos mais diversos grupos por um reconhecimento perante os valores sociais, para sentirem-se parte do todo.
Acredito que as mudanças que ocorrem nos valores, são puramente isso, não mexem no que realmente está errado, a sociedade em si. Tentarei não me expressar de forma errada, acredito que a criação da sociedade, a socialização do homem, foi o maior feito do ser humano. A nossa soberania foi garantida pela utilização dessa ferramenta, e é nela que continua ocorrendo uma forma complexa de seleção natural, ao meu ver mais lenta.
Porém a parte instruída da sociedade falha em entender que o problema do mecanismo não tem solução, a sociedade nunca deixará de ser rígida, dificilmente se dobrará com a mesma velocidade que o pensamento humano estimulado tem mutações, criamos algo em que somos sujeito e produto, ao mesmo tempo. Somos moldados por ela e aos poucos tentamos moldá-la, sem termos a liberdade de pensamento necessária para crescermos como espécie, além de tudo, piorando a situação, criamos mecanismos de comunicação que falham, lacunas de não entendimento são deixadas, gerando desavenças desnecessárias por uma pura falta de compreensão.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

livro da vida

Versando sobre amor, paixão e ódio,
Nosso livro vai sendo escrito,
Por nós, por quem?
Medroso, toma teu futuro nas mãos,
Faz dele o que quiseres, puderes.

Tomamos e escrevemos, linha após linha,
Com mãos muitas vezes trêmulas,
Linhas, frases, páginas incertas,
Muitas vezes recheadas,
De pingos, lágrimas sinceras.

Histórias dignas de canções,
A serem eternizadas por gerações.
Cantadas com alegria à fogueira,
Numa noite gélida e cinzenta,
Colorindo tudo que sua vibração alcançar,
Alegrando os corações que conseguir tocar.

Inevitável amor, sofrido, querido.
Contra a corrente vai nadando,
Superando, ou tentando,
Os obstáculos de um mar de gente.

Luta por um presente de paz,
Por um futuro de luz,
Sempre a procurar à felicidade,
Sem saber que ela não está em nenhum lugar,
Que não em nós.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

envolvimento

Existem diversos tipos de envolvimentos amorosos, alguns acontecem depois de muito esforço por parte de uma pessoa, raramente resultam em algo duradouro e intenso. Outras vezes o envolvimento é resultado de uma química simples, as pessoas se dão bem e tem vontade de descobrir até onde pode-se ir, com mais frequência do que os envolvimentos citados anteriormente, estes geram relacionamentos, nem sempre amorosos e nem sempre intensos, nem sempre. Existe também a química física intensa, o que gera romances avassaladores porém, normalmente, curtos. Eles acabam tão rápido quanto se criaram e deixam, na maioria das vezes, uma sensação boa para trás, como um "dever cumprido".

Por fim falaremos da conexão que vai além da química física, esta gera o envolvimento mais intenso possível. Você perde o discernimento do que aquela pessoa significa para você, ela é o seu tudo. Você não consegue imaginar-se sem ela, qualquer coisa que aconteça lhe faz pensar: "O que ela diria? O que acharia e pensaria? Será que ela gostaria? Acharia engraçado?". Esses envolvimentos são realmente perigosos, tem os maiores potenciais, negativos e positivos. Frequentemente geram depressões quando acabam, tendências suicidas inclusive. Muitos argumentariam que um envolvimento desse seria desnecessário, afinal os riscos são grandes, e se der errado? Ah meu amigo, mas e se der certo? Diria quem um dia já amou assim.

Comparo o ato de se envolver, apaixonar, com uma piscada de olho. Quando o envolvimento é fraco e precisa de esforço é como se você quisesse piscar o olho e tivesse que pensar para fazer isso, um ato voluntário. Quando o envolvimento é simples, o ato é involuntário, seria uma piscada normal como as milhares que você dá durante o dia. A química física seria aquela piscada que você precisa dar, como quando você sente vontade de ficar piscando até uma coceira passar, pode gerar uma dor mas nada que dure muito. No último tipo de envolvimento seria como tentar manter seu olho aberto para sempre, inevitavelmente e mesmo contra a sua vontade você vai acabar piscando, vai acabar se envolvendo e se apaixonando, pois é impossível não acontecer. Digo mais, se tentar evitar vai acabar chorando.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

falsidade

Cobra maldita, obra inacabada, sem perfeição alguma.
Traíra, escória humana,
Lampejo de racionalidade em um pedaço de barro mal moldado.
Pare!
Que aqueles que te merecem, tenham-te, e ninguém alem deles.

Veneno incurável que espalhas,
Contaminando a todos.
Mentiras e histórias, uma falsidade sem fim.
Vá-te! Embora ó sangue ruim.

Deixa-me em paz,
Livra-me do tormento da tua presença,
Pois o dia é mais colorido sozinho,
E causas apenas, e tão somente, mágoas em mim.

Como pode?
Um se importar tanto e o outro tão pouco.
Injustiça carnal e mundana.


um dia umbandístico

Quando ele chegou no terreiro aquela sensação boa de costume o invadiu, sentiu-se em casa, não que ali fosse realmente o seu lugar, mas aquele lugar lhe trazia boas energias.

Respirou fundo, fez o sinal da cruz (mais como um costume do que pensando em seu real significado, afinal para ele o que contava em relação à espiritualidade era a canalização de suas energias, um básico "você atrai o que transmite") e deu um passo a frente, esperava do fundo do seu coração que aquele dia lhe trouxesse algo que acalmasse sua alma. Tinha no fundo de seu ser uma sensação de inquietação que persistia em lhe incomodar, como uma pedrinha dentro do sapato.

Sua mãe lhe aguardava em pé dentro de uma espécie de garagem, estava conversando com uma moça, que deveria ter uns vinte e cinco anos, sobre a limpeza que seria feita dentro de poucos instantes, não entendia muito bem sobre o assunto mas achou bem estranho os potes cheios de feijão, canjica e milho de galinha, mas aprendera a não duvidar e muito menos subestimar as crenças dos outros.

Não demorou muito e a Burra da Vó saiu de dentro do terreiro, a Vó havia desincorporado, "subido", agora sua Burra teria um intervalo para tomar seu café e recompor um pouco de suas energias, o que foi bem planejado, já que a pipoca para a limpeza, que precederia a sua conversa com a Vó, nem estava pronta ainda.

Por alguns instantes ficou fitando o Zeca, cachorro que era da Burra, da Vó ou do terreiro, não saberia dizer. Grande e de pelo preto, ficava estirado quase o tempo todo pelo quintal, quase sem forças de se mexer. Por algum motivo ele respeitava aquele cachorro, parecia que ele estaria pronto para dar sua vida em uma batalha pelo bem, como um protetor, para ele, o aspecto frágil do cão pouco importaria se surgisse uma situação que exigisse dele energia. Sempre que pensava isso sentia-se um tanto quanto louco, mas quem não tem de louco um pouco?

Era apenas a segunda vez que visitava o terreiro apesar de sua mãe já trabalhar ali há algum tempo, sua primeira experiência não poderia ter sido melhor, chegou com tantas dúvidas quanto é possível alguém ter sobre seu futuro e, em questão de horas, recebeu orientação da Bura através de um jogo de búzios. Apesar de curioso, era cético. Cético porém espirituoso, afinal tinha vontade de acreditar em algo, misturada com o medo de se deixar levar, de tirar o pé do chão. Tentou nos tempos seguintes ao jogo não se deixar levar puramente pelas palavras e respostas adquiridas do jogo e, com o tempo, incorporou o que julgou ser a melhor interpretação sobre a experiência. Logicamente gostou do que incorporou e, por isso, agora com dúvidas novas e diferentes resolveu voltar em busca de novas orientações. Eu poderia tentar descrever aqui a relação estabelecida com a Vó durante a primeira conversa, porém palavras faltariam para descrever a conexão respeitosa que ali estava presente. Um fato interessante de se notar é que, por algum motivo, ela parecia se divertir com as dúvidas do jovem.

Chegamos enfim ao momento de explicarmos o motivo e as dúvidas que levaram nosso jovem ao terreiro no qual sua mãe trabalha. Devemos entender que este jovem acredita em uma força espiritual superior e criadora de coisas novas, porém não vê necessidade em limita-la e explica-la. Entende-se em sequência que o mesmo acredita em um espírito individual e metafísico, não ligando a morte física a morte espiritual, havendo então a possibilidade de reencarnação. Ele, porém, nunca foi praticante de nenhuma religião, batizado na Igreja Católica, recusou suas origens e detesta ser ligado à tal instituição. Tem necessidade de auto-conhecimento, pois acredita que apenas conhecendo a si mesmo e sendo uma pessoa melhor é que você estará seguindo o caminho do bem, que seria ou pelo menos deveria ser o objetivo de todas as religiões.
Não sendo isso o bastante, ele havia visto uma menina negra com cabelo grande e encaracolado, preso na altura do ombro, segurando um coelho de pelúcia branco com detalhes rosas e um guarda-chuva branco, vestindo uma jaqueta jeans branca e uma calça jeans surrada. Ela passara por ele na faculdade cantarolando o seu nome, sem porém olhar pra trás e desaparecendo antes que ele pudesse de fato te-la perdido de vista.
Foi como se derramassem muito líquido em um filtro, sendo o mesmo equivalente as dúvidas que alguém pode ter sobre o mundo, seu destino e sua razão de ser. Como um turbilhão as dúvidas escorriam para dentro da cabeça do menino, gerando uma inquietação preocupante.

Voltamo-nos então ao terreiro, pois a hora de termos a nossa conversa com a preta velha se aproxima, o garoto encontra-se dentro do terreiro, descalço e ajoelhado em frente as imagens dos orixás, rezando da sua forma para que ajudem-no a encontrar um rumo que dê sentido a sua vida.
Todos presentes no terreno tiveram que entrar dentro do terreiro para não absorver, sem querer, a energia liberada pela limpeza que estava sendo feita.

Não costumava rezar, achava tolice e uma perda de tempo, porém sabia que para abrir uma janela de conexão com o mundo espiritual, para só então encontrar um rumo e uma razão, teria que lutar contra seus preconceitos e fazer coisas que não costumava fazer. Entendia porém o quão poderosa poderia ser a energia de um ser se canalizada em uma única direção, de vários seres então? Acreditava que o entendimento e vontade de uma pessoa acerca de algo podia modificar a matéria, guardadas as respectivas proporções e leis, algumas ainda possivelmente desconhecidas, da natureza.

Feita a limpeza, a Burra começou então seus cânticos de chamado para incorporação da Vó, faltava pouco agora e um certo grau de ansiedade se espalhou pelo garoto, uma ansiedade boa diria ele.

Assim que colocou seus pés dentro do terreiro a Vó o chamou, com aquele sotaque característico, com um carinho imenso. Sua mãe lhe perguntou se gostaria que ela permanecesse com os dois para uma possível ajuda com o entendimento do que a Vó teria para lhe falar, ele prontamente recusou, gostaria de poder escolher o que falaria do que aconteceria ali, afinal a busca era sua e de mais ninguém.
Sentou-se na frente da Vó e ela prontamente fez um comentário sobre o vestibular, centro das dúvidas de outrora, era uma afirmação mais do que uma pergunta:
"Você passou naquela prova né meu fio."
Respondeu que sim e agradeceu a Vó, afinal ela havia sido crucial na sua decisão de mudar de curso, mesmo contra a vontade de todos os seus familiares. Por isso hoje encontrava-se mais feliz do que nunca, realizado com a sua escolha para seu futuro profissional, vinha hoje atrás do seu futuro espiritual e pessoal.
Falou então da sua dúvida quanto à espiritualidade, que vinha sentindo necessidade de maior conhecimento espiritual para sanar suas curiosidades e dúvidas.
A Vó foi então muito sucinta e respondeu-lhe uma coisa inesperada, afinal ele acreditava que ela tentaria traze-lo para umbanda. Respondeu-lhe que devia estudar, que só através de estudos ele poderia sanar tais dúvidas e que precisava disso para encontrar seu rumo, disse não saber se seu futuro era na umbanda ou no kardecismo - achou isso relativamente interessante, pois ele havia visitado um centro espírita no dia anterior, mais tarde quando questionou sua mãe a respeito, ela disse que não havia comentado nada - mas que em seu futuro havia um trabalho que ajudaria muitos jovens. Recomendou-lhe que estudasse um pouco sobre cada religião e que tentasse extrair delas o melhor de cada uma, afinal todas as religiões merecedoras de respeito tem, em sua base e fundação, o objetivo de propagar o bem.
Quando estavam se despedindo, depois de ter recebido a benção da Vó, perguntou sobre a menina que havia lhe chamado a atenção, a Vó apenas respondeu que era um espírito bom que havia resolvido se mostrar para o jovem, e que mais coisas como essa iriam começar a acontecer, afinal segundo a Vó, ele era muito sensível para esse tipo de coisa.

Despediu-se da Vó e saiu com uma certeza, de que não importa o caminho espiritual que você escolher trilhar, seja ele crente ou descrente, se você for uma pessoa que busca passar o bem adiante e ser o melhor que pode ser.

quinta-feira, 28 de março de 2013

bobagem, besteira

As vezes vale mais a pena não se importar quando alguém com quem você se importa se irrita com alguma coisa besta. Provavelmente será mais fácil para ela perceber o quão fútil e ridículo é criar caso por tal coisa.
Não me leve a mal, todos nós nos importamos com coisas relativamente pequenas em algum dado momento, todos devemos ser tratados com um pouco de indiferença, ela é a melhor professora de todas, superando amor e ódio que fazem uso de suas lições sacrificiais e dolorosas.
Bruxa, como alguns chamariam. Feitiçaria, o nome que seria dado ao seu efeito. A indiferença nos faz questionar à tudo e à todos, procurando uma razão para tamanha falta de preocupação. Afinal como pode, alguém não se importar nenhum pouco com algo que, para nós, é tão importante? Inaceitável.

Até que enxergamos a situação como ela realmente é, percebemos que os murros na ponta da faca, que permanece indiferente ao nosso sofrimento, são inúteis.

Existem então duas possibilidades de fuga da situação, simplesmente pararmos de tentar fazer com que o outro se importe, ou pararmos de nos importar com algo que só nos causa problemas, imensos em relação ao seu tamanho,  uma gota d'água em um copo que já está transbordando, gota essa que desaparecerá ou criará mais gotas dependendo da nossa decisão, afinal, fugir nunca adiantou, foi sempre uma solução temporária, não?

quarta-feira, 13 de março de 2013

temor, temmor, tem amor


Sentir é mais que pensar sobre,
Inútil tentar evitar.
Andando de mãos dadas com o medo,
O amar nos acolhe e sussura:
“Venha criança, não tema”.
Enganamo-nos, porém estamos certos,
Não tema enquanto ame.
Mas e quando se teme amar, sozinho?

segunda-feira, 4 de março de 2013

café servido

A manhã fria e cinzenta era a perfeita descrição de sua vida.
Seu despertador soou com um som tão agudo que chegou a acordar o vizinho de baixo, ele porém nem se mexeu. Já estava acordado, esperava o despertador havia horas, sem nem piscar.
Era um estado parecido com o sono, ele porém ficava de olhos abertos, estava consciente, ou quase isso.

Como uma máquina que acabara de ser ligada, seus pensamentos voltaram a fluir, enchendo cada canto de sua mente. Quando se levantou, sentiu a cabeça doer, talvez tivesse algo haver com o álcool circulando em seu sangue, mas ele duvidava muito. Ele poderia jurar que mesmo se não tivesse ingerido uma gota de álcool, a intensidade da dor de cabeça seria igual.

Aos poucos a realidade voltava a atingir o seu ser, todas as perdas dos últimos meses, as pessoas que ele nunca mais veria, as traições que descobriu, todos os ferimentos sendo perfurados, de novo e de novo pela consciência, o simples fato de saber, sentir, era uma tortura.

Algumas desgraças eram, de fato, resultado de seus atos. "Porque tão insistente e teimoso?" pensava agora, indignado. Outras entretanto, eram a cereja de um bolo feito pelo destino. Deuses conversando e rindo enquanto se embebedavam atrás de mesas fartas, ele conseguia quase ouvi-los, jurava.

Talvez estivesse louco, depois de tudo, não duvidava. Qualquer pessoa devia ter uma condição psicológica mais confiável que a dele, sabia. Ninguém teria sido capaz de suportar aquilo tudo e continuar vivendo normalmente, ele não sabia como ainda aguentava, porém quando se dava conta, a mesa estava servida com o café pronto. Toda sua alma gritava de dor enquanto seu corpo ia trabalhar, como se houvesse algum botão de piloto automático ligado.

Há apenas alguns meses seus pais eram casados e vivos, então como uma tempestade começaram a brigar e a bola de neve culminou na separação. Sua mãe então cometeu suicídio após entrar em uma depressão profunda, ele nada pôde fazer, ou pelo menos é o que dizia a si mesmo, sabendo que se ele acreditasse em qualquer outra coisa não conseguiria viver mais um dia sequer. Logo após a morte de sua mãe, seu pai descontrolou-se nas apostas e foi morto por uma dívida, a qual era relativamente pequena se comparada com o preço de uma vida.

Ele porém pouco se importou, talvez por culpá-lo pelo suicídio da sua mãe.

Algum tempo depois disso, quando finalmente conseguiu se distrair com algo, apaixonou-se. A menina era linda. Morena de olhos verdes, o tamanho certo para ele. O cupido parecia sorrir para ele, enganado. Era o destino travestido, com sua gargalhada de gelar a espinha, um som realmente digno de ser chamado de demoníaco.

Ela era o seu amor prometido, até ter de se mudar para longe. Ficou dias sem conseguir comer nada, talvez a situação tenha tornado ela mais importante do que ela realmente devesse ser. Hoje pensava assim, quando pensava.

A noite caiu e ele voltou para casa, molhado da chuva que agora caía devagar lá fora, exausto depois de um dia de trabalho corrido, resolveu comer o brigadeiro que havia feito, vendo um filme de desenhos antigos. Lembrava-lhe de sua infância, onde tudo parecia tão mais quente e colorido, e assim ele fechou os olhos, adormeceu e fugiu da realidade, da nossa realidade.

Foi morar nos sonhos até acordar de novo, uma trégua para a alma, para poder sobreviver um dia após o outro. Em seus sonhos ele era como o Peter Pan, nunca havia crescido e tudo continuava como nunca devia ter deixado de ser.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

controle de temperamento

"Uma vez havia um garoto que tinha um temperamento muito difícil. O pai desse garoto lhe deu um saco com pregos e disse que, toda vez que ele perdesse sua paciência, ele deveria martelar um prego atrás da cerca. No primeiro dia o garoto enfiou 37 pregos na cerca. Em algumas semanas, conforme ia aprendendo a controlar seu temperamento, o número de pregos martelados por dia foi reduzindo gradativamente. Ele descobriu que era mais fácil controlar seu temperamento do que martelar todos aqueles pregos na cerca... Finalmente, chegou o dia em que o garoto não perdeu a paciência. Então, ele contou ao seu pai e este sugeriu que ele retirasse um prego por dia cada vez que ele conseguisse controlar sua irritação. Finalmente chegou o dia em que o garoto havia retirado todos os pregos da cerca. Então, seu pai segurou sua mão e levou-o até a cerca e disse: "Você foi muito bem meu filho, mas olhe os buracos na cerca. A cerca jamais será a mesma." Quando você diz coisas com raiva, tais coisas deixam cicatrizes exatamente como estas. Você pode enfiar uma faca em um homem e retirar. Não vai importar quantas vezes você peça desculpa, o buraco vai estar lá do mesmo jeito. Um ferimento verbal é tão ruim quanto um físico."

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

amor pra vida toda, toda vida

Sabe aquele casal de velhinhos que você cresceu imaginando? Se você é parecido comigo, você imaginou a vida inteira deles, desde o momento que se conheceram até o momento que um deles teve que partir. As vezes você criava uma história trágica, sabe? Já que nem sempre as coisas dão certo, ou pelo menos a vida me fez ver desse jeito.
Em outros momentos você imaginava um épico sem limites, o maior amor que já aconteceu na história da humanidade. Tudo dependia do seu humor e da sua vida, ou pelo menos da minha, as vezes imaginava-me como o protagonista, entretanto, não eram raros os momentos em que eu era simplesmente fruto desse amor. "Imaginação fértil, criança.", alguém mais velho me diria com certeza, se soubesse.

Então, eu quero simplesmente uma história, completamente minha, sem final escrito. Quero viver um amor maior do que qualquer um que passou pela minha vida, mas como também diria alguém mais velho se soubesse, "Querer não é poder.".

Eu acredito sim, em um amor pra vida toda, ou toda vida, como queira. Sei que ele existe e está só me esperando, não acredito que haja a necessidade de sair procurando, mas a vontade é grande. Espero que não demore, enquanto não chega sigo moldando minha vida do jeito que posso e quero, tentando tornar-me a melhor pessoa possível para a minha futura família.

Algo que muitos de minha idade considerariam uma besteira, mas considero a família o bem mais importante que cada um pode ter, não vejo outro sentido para a vida senão o de ter uma vida familiar bem sucedida.

Engraçado que tenho dois grandes males, talvez por isso dê tanta importância a coisas que alguns não dão. Acredito no amor, mas mais do que isso, nas pessoas também.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

vibe, inovação

Em um dos meus vários momentos de divagação, peguei-me pensando sobre o porque de eu gostar dos mais variados estilos musicais, fui um pouco mais além e percebi que não é só com músicas que isso acontece, acabei notando que me adapto muito facilmente aos mais diversos grupos.
Talvez seja meu destino sabe? Entender um pouco de tudo, conseguir compreender o porque das pessoas gostarem de determinada coisa, aproveitar a energia única de cada grupo, sem compará-lo com outro, ter a capacidade de aproveitar o momento como se aquela fosse a minha energia.

Isso pode ser considerado bom para a profissão que escolhi, mas as vezes me sinto perdido, como se eu não tivesse um lugar só meu sabe? Ao mesmo tempo que sou do mundo, parece-me que não tenho um lugar nele. Tenho vários amigos e mesmo assim as vezes consigo me sentir sozinho, porque? Acredito que a habilidade de projetar-se nas pessoas para ser capaz de entende-las pode ser considerada uma benção e uma maldição.

Gostei de algo que li recentemente, dizia que o objetivo da nossa vida não é viver eternamente, mas criar algo que consiga sobreviver ao tempo. Quando li isto, por algum motivo, uma parte de mim se pegou sonhando com a criação de algo que revolucionasse o comportamento humano em sociedade, algo que mude a maneira como o ser humano se relaciona, não somente entre si, mas com o ambiente como um todo. Infelizmente me parece muito difícil criar algo assim, espero que exista alguém nesse mundo que consiga criar tal coisa, que exista de fato algo capaz de aumentar o respeito, a consideração, e de diminuir a criminalidade e a covardia.

Falo de algo científico, um novo meio de interpretar as relações humanas e não humanas, talvez um instrumento de conscientização, quem sabe?

Uma outra parte de mim, entretanto, é mais pessimista. Ela fica pensando: "Como alguém conseguiria criar algo completamente novo? Como alguém já não teria pensado nisso antes? Afinal, somos mais de 6 bilhões de pessoas nessa esfera meio achatada, porque alguém, agora, depois de milhares de anos de civilização, conseguiria criar tal coisa?"

Pode até parecer que sou bi, ou talvez tripolar, mas existe uma terceira parte em mim que está gritando: "Não precisa ser algo completamente novo, pode ser apenas um rearranjo de partes já criadas, com algumas interpretações novas."

sábado, 16 de fevereiro de 2013

no meu sofá quentinho

As vezes cansa sabe? Essa transição é chata e entediante em alguns momentos, em outros torna-se odiosa e, em certos, percebemos o quão bela a vida pode ser.
Transição? Qual? Refiro-me à entre a época na qual você dormia no sofá e acordava na cama, para o momento em que é você que carrega, o pequeno, em seus braços até o quarto dele.
Não, eu não conclui a transição, ainda estou no começo do processo em minha opinião, por isso este desabafo, as responsabilidades, as cobranças, tudo isso me deixa cansado, é um universo completamente diferente daquele em que somos criados, ou pelo menos alguns de nós...
O grande choque gerado pela primeira cobrança real de uma responsabilidade que você tinha e que não cumpriu é terrível. Você fica sem saber o que fazer, é como se de repente começassem a tirar o seu chão, e não houvesse nada que você pudesse fazer.

Não, eu não preciso que alguém venha me falar que a vida consiste dessas coisas, eu sei disso. Eu sei que isso é inevitável, que um dia teremos que lidar com tudo que a vida tem a oferecer, sei que no começo somos apenas preparados para o mundo adulto, a vida é como uma escola, porém as provas só começam a serem aplicadas a partir de determinada idade.

Quanto mais ricos, mais tarde as provas começam a serem aplicadas, porém a partir de um determinado momento isso começa a causar prejuízos para o caráter da pessoa, começam a ficarem mimados, preguiçosos e desleixados, pois nunca foram cobrados.
Isto, é claro, sem entrar no mérito de que existem acontecimentos na infância que começam a moldar a sua especificidade enquanto pessoa, já começando a produzir o ser humano final. Tentam, inclusive, interferirem no mundo infantil, tentando proteger os mais fracos para, somente, aumentarem o choque da diferença das duas épocas, pré e pós sofá.

Esse é um relato de alguém que tem seus vinte anos e está cansado, momentaneamente, mas que tem fôlego para o resto do caminho. Grandes coisas nos esperam, persistas e verás. Podemos nos encontrar no fim do caminho ou dar tchau no meio, depende de você.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

possíveis futuros

Homens espalhavam-se no espaço, iluminados por diversas estrelas, em todas as direções e sentidos possíveis, movendo-se, correndo, convergindo e lutando entre si, batalhando para chegarem em algumas linhas que brilhavam com uma cor dourado vivo, linhas da verdade. Tudo que acontecia em tais linhas pertencia a um ramo real da história original, todos os outros universos eram apenas especulações possíveis de acontecimentos antigos.
Cada estrela iluminadora daquela imensidão era um acontecimento em uma linha da verdade, marcos significativos para a história original.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Ilusão (s.)- Crer no que não existe.

Já ouvi dizer que quando você acredita em algo, aquilo se torna real, ao menos para você. Alguns usam deste argumento para provar a existência de deus, e sou obrigado a concordar com tais pessoas, deus existe. Talvez não da maneira como você acredita, porém é impossível dizer que algo que tanto influencia nossa sociedade, como o conceito de deus, não existe.

Nos iludimos quase que diariamente, seria até embaraçoso contar quantas vezes uma pessoa se iludiria durante a vida. Ilusões são perigosas quando usadas como fundação para algum pensamento ou ideologia, pois você acabará construindo seu edifício em algo que, mais cedo ou mais tarde, irá desmoronar. Diante de tantas ilusões existentes, sobre as coisas mais variadas, existe uma que me incomoda, muito.

A ilusão de achar que uma coisa é melhor do que a outra pelo simples fato de ter sido mais difícil de se obter, de acreditar que o caminho mais difícil é o melhor.

Muitas vezes as coisas simples são fáceis, nós é que as complicamos, duvidamos de sua veracidade e impomos à elas uma série de obstáculos para que elas possam provar que são, de fato, boas. Besteira. Nessa brincadeira de criança, nesses testes, algumas vezes perdemos a essência verdadeira do que aquilo nos causava, fazia-nos sentir, e quando isso se perde amigo, não adianta correr atrás, porque nada que você faça vai resgatar o que se perdeu. Independente de você, no final de tudo, conseguir aquilo de volta, saberá que alguma coisa mudou.

Maldita ilusão, que nos faz brincar com coisas que deveríamos somente apreciar.


domingo, 10 de fevereiro de 2013

interações

O tempo é impressionante, brinca com a nossa vida e nos faz mudar, mesmo sem querermos.
Engraçado como aqueles amigos para uma vida toda que você tinha ano passado as vezes não estão mais tão presentes ou então aquele amor eterno que acabou mês passado.
Acredito que temos que aprender, conformarmo-nos de que somos o único personagem que nunca sairá de fato de nossas histórias. Independente do que acontecer, precisamos nos amar, confiar em nós mesmos e saber que coisas importantes não podem ser deixadas para depois e nem delegadas para que outros as executem.

"I'm the hero of this story, I don't need to be saved"

Cada pessoa que entra na nossa vida muda algo em nós, acrescenta algo porém também leva algo consigo. Acredito que essa troca, muitas vezes puramente espiritual, seja o fator que mais incrementa o nosso ser. Não devemos ficar tristes pelas pessoas afastarem-se, muitas vezes o dever delas conosco já foi cumprido e devemos seguir nosso caminho, com novas interações sociais. Conhecer outras pessoas é parte essencial da transformação do nosso caráter, saber lidar com situações novas, criadas por essas pessoas diferentes, nos torna mais flexíveis e molda-nos no que seremos.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

momentos

Me pego as vezes, horas depois de um fato ocorrido, pensando aonde eu estaria naquele momento se não fosse por aquele acontecimento único. Engraçado como um único momento pode mudar completamente o curso do seu dia, e quando penso nesses momentos, por alguns segundos consigo viajar até uma dimensão paralela onde aquilo nunca aconteceu.

Me pergunto se isso é algum tipo de nostalgia, mas seria certo sentir saudades de algo que nunca aconteceu?

Após acidentes me sinto assim, não que eu tenha estado perto de muitos, mas parece que a adrenalina me leva longe, muito mais longe do que deveria.

Não podemos porém, viver nostálgicos. Essa afirmação, um tanto quanto óbvia, é muitas vezes desrespeitada por pessoas como nós. A vida na nostalgia não nos levaria a lugar algum, remoendo mágoas e sendo algemados na cadeira, para que nunca pudéssemos seguir adiante.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

impensada morte, coragem


Mar salgado e gelado a nossa frente,
Junto com um futuro impensado até o momento.
Um “bom dia” nos separava, brincando com nossas imaginações,
Se fazendo verdade em sonhos nossos.
Uma música ao fundo, juras de amor a nos circundar,
Nada feito, tudo adiado, sem saber do prazo
Todos se espantaram com a fatalidade, no dia após
Ela então sentou-se, chorou e amaldiçoou a sorte,
Sem se lembrar que a culpa era dela, também, de ter se calado,
Quando podia aos quatro ventos ter mostrado o seu amor.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

ação e reação

Acho interessante provocar certos estímulos nas pessoas, como mostrar a ela uma música que marcou sua infância, um cheiro que marcou determinado momento. Acho mais interessante ainda o fato de podermos, ao mesmo tempo que elas, ter uma impressão completamente subjetiva sobre o mesmo objeto de estudo, com caminhos e resultados totalmente diferentes, afinal, o mesmo cheiro que marcou determinado momento para aquela pessoa pode ter sido marcante em um momento vivido por mim, porém eu não consigo me relacionar com a experiência do outro.
A partir dai podemos entender o porque de certas pessoas terem a tendência de se aproximar e se relacionar mais facilmente, quando tiveram momentos com marcos semelhantes, elas relacionam-se, projetam-se na outra. Quanto mais semelhanças, mais fácil o convívio se torna, já que pelo elo de conexão com a experiência vivida pela outra pessoa, sabemos o que esperar do comportamento do outro. Isso, é claro, não é um método totalmente eficaz de relacionamento, pois as pessoas são capazes de mudarem o seu ponto de vista acerca do que foi vivido, mudando suas respostas possíveis para problemas que envolvam aquele determinado fato marcado por aquela peculiaridade (visão, audição, olfato, tato).

Sempre que conhecemos alguém, é do nosso instinto de sobrevivência social procurar por diferenças gritantes que impossibilitem a nossa convivência.

Acredito que a eterna busca do ser humano é compreender seu próprio comportamento, pois existem, de fato, milhares de maneiras de se reagir a um acontecimento mas, em alguns casos, conseguimos prever qual comportamento será adotado. Podemos diminuir o leque de reações que a pessoa poderia ter, levando em consideração seu passado e o seu comportamento atual, mas mesmo assim sempre irão existir exceções a regra. A pergunta que fica é, será que é possível realmente prever o comportamento humano? Mesmo que seja, será que nos tornaríamos robôs, limitados a determinadas reações ou, mesmo entendendo e prevendo tal comportamento, as exceções continuariam a liderar o mundo?
Se um dia soubermos como devemos reagir a tal fato, seria considerado conduta criminosa reagir de outra forma? O que nos leva a reagir de tal maneira é, num todo, mais forte que a própria consciência de ação futura?

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

atos, palavras

Você é o que você faz, não o que fala. Com certeza somos responsáveis pelas coisas que dizemos, mas como eu gosto de dizer, nem tudo tem desculpa, mas tudo tem um motivo, uma razão de ter sido falado ou feito.
O problema começa quando os seus atos são piores que suas palavras e não as fundamentam, é muito fácil falar que ama sem demonstrar, é muito fácil falar que quer sem tentar.

Ninguém desiste de um amor, se desistir é porque se enganou e não amou...

Me lembro de quando me dissestes que me amavas, acho que eu deveria ter dado ouvidos às minhas próprias palavras quando lhe falei que estavas errada, porque ninguém que fundamentasse suas palavras faria o que você fez comigo.

domingo, 27 de janeiro de 2013

medo de mudar

As pessoas que não entendem e tem medo quando você diz que mudará por elas são as mesmas que não mudariam por você.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

mudar alguém, quem?

Até onde você pode querer mudar uma pessoa para ela ser sua?

Acredito que ambos podem procurar um meio termo, não devem exigir uma mudança radical e tem que entender que o outro é daquele jeito, ele só vai mudar se achar que é necessário mas, mesmo que quiser, não vai ser um processo rápido se for algo realmente importante para ele.

Queria poder passar uma borracha em tudo que foi dito sem ter sido pensado, em tudo que foi feito sem ter sido de coração, poder voltar e fazer tudo de novo, mas não posso, só posso começar de novo e criar um novo fim.
Um novo começo é, sim, possível, mas ambos tem que querer, enquanto houver sentimento existe esperança.

Por enquanto meu recomeço é sozinho, pois hoje, escolhi assim. Quero alguém que me queira também, não quero ser o único lutando por um relacionamento, não é assim que a escultura funciona. O buraco um dia vai ser preenchido por alguém que esteja pronto para abrir mão das coisas por mim assim como eu estarei pronto por ela.

expectativas

Os sentimentos existem no mundo físico? Essa é a pergunta que ando me fazendo, porque acredito que todos os sentimentos do mundo existem, de fato, podem se manifestar fisicamente através de enzimas e quaisquer outros meios biológicos disponíveis, mas é um fato que elas existem, desde os primórdios das interações humanas em sociedade, mas até hoje não aprendemos a lidar direito com eles.
Expectativas são um sentimento? Porque, para mim, a expectativa existe desde que o amor existe e ambos existem a tanto tempo quanto todos os outros sentimentos, é impossível não gerar expectativa quando duas pessoas se encontram, e independente do tipo de expectativa gerada será gerada uma decepção igual à diferença entre a realidade e tal expectativa.
Tudo que eu queria era um mundo sem decepções, mas sei que um mundo sem expectativas seria um mundo estático, feio, sem sonhos e nem esperanças. Talvez as expectativas, que tantas pessoas reclamam, sejam as grandes forças motoras do mundo atual.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

in somnis veritas

Sonhos são a maior fonte de esperança do mundo, é deles que tiramos força para não desistirmos de nossos objetivos, é por eles que nos inspiramos e fazemos coisas que, do contrário, não conseguiríamos fazer.

Nunca duvide de um sonhador, porque você vai desistir e ele vai morrer tentando, e tentar é o primeiro passo para conseguir.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

liberdade

Hoje te deixo livre, livre para escolher o que quiseres, fazeres o que bem entenderes, não quero mais brigar nesse cabo de guerra, já fiz tudo que podia até o momento, para fazer mais depende da sua vontade.
Penso em desistir, mas fica difícil quando se acredita que no fim da estrada está algo que vale a pena a caminhada, só queria trilhar o resto desse caminho venenoso contigo, mesmo que separadamente, saber que estamos indo na mesma direção.
O amor vale a pena, talvez esse seja o meu mal, acreditar que não existe um prazo de validade ou uma quantidade de tentativas até você dizer que acabou, para mim só acaba quando o sentimento acaba.

Enquanto nada muda eu vou seguindo a vida, um dia atrás do outro, uma lágrima aqui e acolá e muitas memórias para me fazer companhia. Pensamentos que alegram e atormentam, ao mesmo tempo.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

buracos

Sinto, neste exato momento, este grande buraco no meu peito, me lembra um buraco negro de tão grande que parece, sugando a felicidade que de vez em quando aparece em minha vida, mas não consigo compará-lo de fato com um buraco negro por ele parecer ficar mais fundo, ele sempre existiu, mas a cada amor não concretizado ele aumentava um pouco, como se os fantasmas de amores passados se juntassem em uníssono, cavando, cantando e gargalhando da agonia e dor que causavam em meu peito com suas pás e risadas, rindo do menino tolo que acreditava, que acredita no amor e na vida.

Esculturas

Um relacionamento é como um bloco sólido esperando para ser esculpido, alguns são imensos e feitos de materiais raros, tem um potencial impressionante, podendo tornar-se esculturas magníficas. Outros são pequenos e feitos de materiais simples, sendo alguns, inclusive, impróprios para serem trabalhados, estando fadados ao fracasso.
Porém, diferentemente de uma escultura real, que pode ser esculpida por apenas um artista, um relacionamento tem de ser esculpido por dois artistas em sincronia, com muita calma, paciência e amor.
Trabalhando juntos sempre, como uma equipe. Além dos problemas com o materiais as vezes somos obrigados a enfrentar as crises artísticas, por sua vez em dose dupla. Não sendo incomum percebermos uma escultura promissora ser jogada no lixo, atirada ao asfalto, pela simples vontade momentânea de um dos escultores, ocorrendo também de o outro escultor tentar, em vão muitas vezes, catar e colar os cacos.
Importante ressaltar que nunca se sabe exatamente o fim delas, muitas são incrementadas, com adornos como filhos e netos e continuam a serem esculpidas, são separadas por brigas e unidas por amores e amizades, as vezes desperdiçadas, as vezes muito bem aproveitadas. Uma constante evolução escultural que, como o tempo, nunca para.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

arrependimento

Uma lágrima rolou pelo seu lindo rosto branco quando ouviu a notícia, ela percebeu a realidade da sua situação. Sozinha entre várias pessoas, todas companhias vazias que apenas lhe ajudavam a mascarar a verdade. Ninguém em quem ela pudesse confiar, que pudesse lhe estender a mão se ela realmente precisasse, apenas pessoas falsas e dissimuladas, travando uma feroz batalha para ganhar status e conseguir o prêmio da sua caçada de rotina. Pessoas sem consciência e coração, incapazes de acrescentar calor, amor aos seus dias.
Havia sido por isto que ela jogou todo aquele amor fora? Por uma ilusão rasa e sem complexidade alguma, apenas um esteriótipo do que poderia ter sido, uma vida pensando nos "mas" que poderiam ter existido entre as vírgulas desse livro que nos é permitido escrever, um dia após o outro?
O arrependimento pegou-a de surpresa e ela se deu conta de tudo que ela era, tudo que ela fora e tudo que ela poderia ter sido, então chorou compulsivamente, sabendo que havia desperdiçado a oportunidade de sua vida e que jamais teria outra.

aleatório

um dia me disseram: "porque ela?"
eu respondi: "porque não?"

--

você irá amar essas memórias para sempre, a dor cessará quando perceberes que são isto, apenas memórias.

domingo, 13 de janeiro de 2013

sonhos e desejos. querer? poder?

Todo mundo quer um amor pra vida toda e uma amizade verdadeira, melhor ainda se forem os dois juntos, mas assim como eu, você deve ter crescido ouvindo que "você nem sempre vai conseguir tudo que você deseja", espero que tenhas entendido isso do mesmo jeito que eu, não do jeito que muitos entendem, se conformando com o que não tem e não lutando pelos seus sonhos e desejos. Entendo essa frase no sentido de que não é porque você ainda não conseguiu, ou talvez não vá conseguir alguma coisa que deseja, que você deve desistir de todo o resto. Você vai, sim, se decepcionar, mas isso não significa que o mundo acabou ou que você tem de parar de tentar.
O difícil da vida é saber quando parar de tentar é melhor do que continuar insistindo, é complicado quando os sentimentos se intrometem na sua avaliação lógica das coisas, quase sempre as decisões não são feitas da melhor forma e alguém acaba machucado.
Acredito que a batalha social para o sucesso, não só financeiro mas pessoal, profissional e amoroso, seja a nova forma de "seleção natural", em alguns aspectos, claro, não quero implicar que o mais bem sucedido irá reproduzir mais e por isso dominar o "hábitat".
Hoje tudo que quero é continuar em frente, dia após dia, noite após noite, fazendo de cada dia o melhor que possa ser. A felicidade é um estado de espírito, é tirar o melhor do que acontece com você e lamentar-se o menos possível sobre as coisas que dão errado.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

desabafo

Já não sinto mais tua falta, não que isso signifique estar bem ou já ter superado, simplesmente não sinto mais falta de você, porque você mudou, se transformou numa pessoa que eu nunca esperaria, sem consideração, qualidade mais importante pra mim em qualquer relacionamento.
Eu sinto falta de alguém, como sentia antes de te encontrar, mas algo mudou, sinto falta também de como eu era antes de me machucares e me mandares para dentro do casco, não vai ser fácil me abrir com alguém de novo, confiar em alguém, tudo por você.
Sempre tento ver as coisas pelo lado bom, o que fizeste me permitiu te enterrar, estas morta para mim, pena que memórias não morrem...