terça-feira, 23 de abril de 2013

Gralham sem parar

Era uma noite daquelas, de dias que não eram nem de verão, nem de outono.
Pensamentos voavam, gralhando sem parar. Tentava, sem sucesso, prender alguma daquelas aves para poder começar a tentar entende-las. Atormentam-me a tanto tempo, imagens de chances desperdiçadas, passados indesejáveis, possibilidades de futuros sem muito futuro.
Nuvens de pensamento brigando entre si, agrupando-se e somando-se, formando tempestades estrondosas, incomparavelmente mais barulhentas do que um bando de aves selvagens. Filmes completos de momentos repudiados, isolados da realidade, jogados ao inconsciente, irracionalizados.
Filmes projetados em nossos pensamentos por períodos de introspecção - de auto-reflexão - em que busca-se um propósito, uma razão de ser. Um menino que cisma em cutucar uma colmeia de tempos em tempos, um dia deixa de ser menino, resta saber se os motivos para que ele nunca ficasse muito tempo longe das abelhas, os sentimentos e desejos, serão suficientes para ele querer aprimorar o seu contato, evoluir e tornar-se um apicultor.
Nem todas as nossas aves serão capturadas e estudadas, porém quanto mais tentarmos compreender pensamentos selvagens, mais conseguiremos. Sabendo que a consciência plena - a identificação completa de todos os pássaros selvagens - é algo que transcende a nossa existência mundana.
Transições estacionais necessárias para que o ciclo universal complete-se uma vez mais, em escala terrena. A necessidade de controle sobre ciclos é algo intuitivo, sabemos de sua importância sem racionalizar sobre o assunto. É algo indispensável para nos desenvolver, utilizando tais transições cíclicas em nosso favor.
Evoluímos e adquirimos tamanho conhecimento que conseguimos prever muitos eventos cíclicos, qual motivo justifica o fato de que a vida, ainda permanece-nos tão incompreendida?
Na esfera metafísica poderíamos comparar tal controle de ciclos às teorias reencarnacionistas. Podemos facilmente compreender os ciclos vitais de algo não-vivo - a alma, metafísica - na busca de um aprimoramento como um todo - um espírito - afinal esse parece-me ser o objetivo de tudo no universo físico, uma força metafísica buscando procurando adquirir conhecimento, buscando uma ordem em meio à todo o caos, "ordo ab chaos". Levo em consideração o conhecimento físico de que o universo tende a desordem, pergunto-me então, como explicar tamanha ordem existente? Não estou dizendo que somos a única ordem em meio à todo o caos, muito menos que somos a pura representação das forças metafísicas que nos alimentam, mas simplesmente descrevendo uma opinião sobre a nossa ínfima existência, que parece repetir-se de certo em certo tempo, cometendo, em suma, os mesmos erros, num looping infinito.
Erramos ao não nos importarmos com o outro e deixarmos sentimentos negativos florescerem, malditas ervas daninhas. São a representação pura da desordem infinita, que busca infiltrar-se em nossos lares, não só os físicos, impedir-nos de cooperarmos com o próximo. Não assimilamos que buscando o melhor à todos, todos teríamos o melhor. Falhamos ao perceber que o todo é muito maior que a simples soma das partes, quando todos ajudarem-se, ninguém ficará necessitado e melhoraremos como um todo, como espécie, não as custas de um semelhante.

domingo, 21 de abril de 2013

Aquele garoto...

Aquele garoto, pobre garoto, de dia e no quente,
Sorriso com dentes.
Brincadeiras saltitantes,
Alegres, dançantes.

Aquele garoto, pobre garoto, de noite e no frio,
Ao lado do rio, faminto e sozinho,
Imundo, dormindo.

Não tinha culpa, não tinha nada,
Era o que lhe diziam,
Sempre que possível.

Acordava esperando dormir,
Sonhava em poder sonhar,
Em não acordar.

Sono eterno,
Problemas zero,
Sonho infinito,
Amor resolvido.

Em sonho ninguém mente,
Dizia o pequenino esperançoso.

Sonhava com um colo amoroso,
Um abraço caloroso,
Porque não com um mundo honroso?

Uma mãe com quem conversar,
Alguém em quem pudesse confiar.
Alguém que dele cuidasse,
Amasse.

O menino cresceu trabalhou,
Muito se decepcionou,
Falsos amores amargou,
Sozinho continuou.

Quem conheceu o menino enquanto homem,
Nunca soube o que se perdeu
Em algum lugar da estrada,
Um sonhador a esperança esqueceu.

O colorido escureceu,
Entristeceu.

Não entendia mais como poderia
Sonhar com um mundo verdadeiro.

A humanidade em ciclos,
Brinca com o futuro,
Passado e presente.

Jogam ao ralo a vida,
Dos outros e, então, as suas.

Não compreendem a ligação,
Esquecem que somos todos um.
"Do pó viemos e ao pó voltaremos."

quarta-feira, 17 de abril de 2013

sociedade injustiçada

Estudantes e professores tem uma certa tendência a esbravejar verdades subjetivadas coletivamente, mas não tão coletivamente assim, sobre como a sociedade e seus valores, impostos a nós, manipulam o comportamento humano. Pergunto então, o que é a sociedade senão nós mesmos? Vejo a sociedade como um tipo de corpo, materializado pelo coletivo de diversas pessoas, onde tudo o que é pensado, sentido, valorizado, seja controlado pela predominância de pensamentos. O problema é que algumas partes do corpo tendem a se rebelar contra o mesmo, mais ou menos como quando o coração diz que sim e a cabeça diz que não. A sociedade entra em colapso, uma doença, ou simplesmente uma mutação, sócio-psicológica do tal corpo imaginário, percebemos facilmente este fenômeno com a constante mudança de valores, as brigas dos mais diversos grupos por um reconhecimento perante os valores sociais, para sentirem-se parte do todo.
Acredito que as mudanças que ocorrem nos valores, são puramente isso, não mexem no que realmente está errado, a sociedade em si. Tentarei não me expressar de forma errada, acredito que a criação da sociedade, a socialização do homem, foi o maior feito do ser humano. A nossa soberania foi garantida pela utilização dessa ferramenta, e é nela que continua ocorrendo uma forma complexa de seleção natural, ao meu ver mais lenta.
Porém a parte instruída da sociedade falha em entender que o problema do mecanismo não tem solução, a sociedade nunca deixará de ser rígida, dificilmente se dobrará com a mesma velocidade que o pensamento humano estimulado tem mutações, criamos algo em que somos sujeito e produto, ao mesmo tempo. Somos moldados por ela e aos poucos tentamos moldá-la, sem termos a liberdade de pensamento necessária para crescermos como espécie, além de tudo, piorando a situação, criamos mecanismos de comunicação que falham, lacunas de não entendimento são deixadas, gerando desavenças desnecessárias por uma pura falta de compreensão.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

livro da vida

Versando sobre amor, paixão e ódio,
Nosso livro vai sendo escrito,
Por nós, por quem?
Medroso, toma teu futuro nas mãos,
Faz dele o que quiseres, puderes.

Tomamos e escrevemos, linha após linha,
Com mãos muitas vezes trêmulas,
Linhas, frases, páginas incertas,
Muitas vezes recheadas,
De pingos, lágrimas sinceras.

Histórias dignas de canções,
A serem eternizadas por gerações.
Cantadas com alegria à fogueira,
Numa noite gélida e cinzenta,
Colorindo tudo que sua vibração alcançar,
Alegrando os corações que conseguir tocar.

Inevitável amor, sofrido, querido.
Contra a corrente vai nadando,
Superando, ou tentando,
Os obstáculos de um mar de gente.

Luta por um presente de paz,
Por um futuro de luz,
Sempre a procurar à felicidade,
Sem saber que ela não está em nenhum lugar,
Que não em nós.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

envolvimento

Existem diversos tipos de envolvimentos amorosos, alguns acontecem depois de muito esforço por parte de uma pessoa, raramente resultam em algo duradouro e intenso. Outras vezes o envolvimento é resultado de uma química simples, as pessoas se dão bem e tem vontade de descobrir até onde pode-se ir, com mais frequência do que os envolvimentos citados anteriormente, estes geram relacionamentos, nem sempre amorosos e nem sempre intensos, nem sempre. Existe também a química física intensa, o que gera romances avassaladores porém, normalmente, curtos. Eles acabam tão rápido quanto se criaram e deixam, na maioria das vezes, uma sensação boa para trás, como um "dever cumprido".

Por fim falaremos da conexão que vai além da química física, esta gera o envolvimento mais intenso possível. Você perde o discernimento do que aquela pessoa significa para você, ela é o seu tudo. Você não consegue imaginar-se sem ela, qualquer coisa que aconteça lhe faz pensar: "O que ela diria? O que acharia e pensaria? Será que ela gostaria? Acharia engraçado?". Esses envolvimentos são realmente perigosos, tem os maiores potenciais, negativos e positivos. Frequentemente geram depressões quando acabam, tendências suicidas inclusive. Muitos argumentariam que um envolvimento desse seria desnecessário, afinal os riscos são grandes, e se der errado? Ah meu amigo, mas e se der certo? Diria quem um dia já amou assim.

Comparo o ato de se envolver, apaixonar, com uma piscada de olho. Quando o envolvimento é fraco e precisa de esforço é como se você quisesse piscar o olho e tivesse que pensar para fazer isso, um ato voluntário. Quando o envolvimento é simples, o ato é involuntário, seria uma piscada normal como as milhares que você dá durante o dia. A química física seria aquela piscada que você precisa dar, como quando você sente vontade de ficar piscando até uma coceira passar, pode gerar uma dor mas nada que dure muito. No último tipo de envolvimento seria como tentar manter seu olho aberto para sempre, inevitavelmente e mesmo contra a sua vontade você vai acabar piscando, vai acabar se envolvendo e se apaixonando, pois é impossível não acontecer. Digo mais, se tentar evitar vai acabar chorando.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

falsidade

Cobra maldita, obra inacabada, sem perfeição alguma.
Traíra, escória humana,
Lampejo de racionalidade em um pedaço de barro mal moldado.
Pare!
Que aqueles que te merecem, tenham-te, e ninguém alem deles.

Veneno incurável que espalhas,
Contaminando a todos.
Mentiras e histórias, uma falsidade sem fim.
Vá-te! Embora ó sangue ruim.

Deixa-me em paz,
Livra-me do tormento da tua presença,
Pois o dia é mais colorido sozinho,
E causas apenas, e tão somente, mágoas em mim.

Como pode?
Um se importar tanto e o outro tão pouco.
Injustiça carnal e mundana.


um dia umbandístico

Quando ele chegou no terreiro aquela sensação boa de costume o invadiu, sentiu-se em casa, não que ali fosse realmente o seu lugar, mas aquele lugar lhe trazia boas energias.

Respirou fundo, fez o sinal da cruz (mais como um costume do que pensando em seu real significado, afinal para ele o que contava em relação à espiritualidade era a canalização de suas energias, um básico "você atrai o que transmite") e deu um passo a frente, esperava do fundo do seu coração que aquele dia lhe trouxesse algo que acalmasse sua alma. Tinha no fundo de seu ser uma sensação de inquietação que persistia em lhe incomodar, como uma pedrinha dentro do sapato.

Sua mãe lhe aguardava em pé dentro de uma espécie de garagem, estava conversando com uma moça, que deveria ter uns vinte e cinco anos, sobre a limpeza que seria feita dentro de poucos instantes, não entendia muito bem sobre o assunto mas achou bem estranho os potes cheios de feijão, canjica e milho de galinha, mas aprendera a não duvidar e muito menos subestimar as crenças dos outros.

Não demorou muito e a Burra da Vó saiu de dentro do terreiro, a Vó havia desincorporado, "subido", agora sua Burra teria um intervalo para tomar seu café e recompor um pouco de suas energias, o que foi bem planejado, já que a pipoca para a limpeza, que precederia a sua conversa com a Vó, nem estava pronta ainda.

Por alguns instantes ficou fitando o Zeca, cachorro que era da Burra, da Vó ou do terreiro, não saberia dizer. Grande e de pelo preto, ficava estirado quase o tempo todo pelo quintal, quase sem forças de se mexer. Por algum motivo ele respeitava aquele cachorro, parecia que ele estaria pronto para dar sua vida em uma batalha pelo bem, como um protetor, para ele, o aspecto frágil do cão pouco importaria se surgisse uma situação que exigisse dele energia. Sempre que pensava isso sentia-se um tanto quanto louco, mas quem não tem de louco um pouco?

Era apenas a segunda vez que visitava o terreiro apesar de sua mãe já trabalhar ali há algum tempo, sua primeira experiência não poderia ter sido melhor, chegou com tantas dúvidas quanto é possível alguém ter sobre seu futuro e, em questão de horas, recebeu orientação da Bura através de um jogo de búzios. Apesar de curioso, era cético. Cético porém espirituoso, afinal tinha vontade de acreditar em algo, misturada com o medo de se deixar levar, de tirar o pé do chão. Tentou nos tempos seguintes ao jogo não se deixar levar puramente pelas palavras e respostas adquiridas do jogo e, com o tempo, incorporou o que julgou ser a melhor interpretação sobre a experiência. Logicamente gostou do que incorporou e, por isso, agora com dúvidas novas e diferentes resolveu voltar em busca de novas orientações. Eu poderia tentar descrever aqui a relação estabelecida com a Vó durante a primeira conversa, porém palavras faltariam para descrever a conexão respeitosa que ali estava presente. Um fato interessante de se notar é que, por algum motivo, ela parecia se divertir com as dúvidas do jovem.

Chegamos enfim ao momento de explicarmos o motivo e as dúvidas que levaram nosso jovem ao terreiro no qual sua mãe trabalha. Devemos entender que este jovem acredita em uma força espiritual superior e criadora de coisas novas, porém não vê necessidade em limita-la e explica-la. Entende-se em sequência que o mesmo acredita em um espírito individual e metafísico, não ligando a morte física a morte espiritual, havendo então a possibilidade de reencarnação. Ele, porém, nunca foi praticante de nenhuma religião, batizado na Igreja Católica, recusou suas origens e detesta ser ligado à tal instituição. Tem necessidade de auto-conhecimento, pois acredita que apenas conhecendo a si mesmo e sendo uma pessoa melhor é que você estará seguindo o caminho do bem, que seria ou pelo menos deveria ser o objetivo de todas as religiões.
Não sendo isso o bastante, ele havia visto uma menina negra com cabelo grande e encaracolado, preso na altura do ombro, segurando um coelho de pelúcia branco com detalhes rosas e um guarda-chuva branco, vestindo uma jaqueta jeans branca e uma calça jeans surrada. Ela passara por ele na faculdade cantarolando o seu nome, sem porém olhar pra trás e desaparecendo antes que ele pudesse de fato te-la perdido de vista.
Foi como se derramassem muito líquido em um filtro, sendo o mesmo equivalente as dúvidas que alguém pode ter sobre o mundo, seu destino e sua razão de ser. Como um turbilhão as dúvidas escorriam para dentro da cabeça do menino, gerando uma inquietação preocupante.

Voltamo-nos então ao terreiro, pois a hora de termos a nossa conversa com a preta velha se aproxima, o garoto encontra-se dentro do terreiro, descalço e ajoelhado em frente as imagens dos orixás, rezando da sua forma para que ajudem-no a encontrar um rumo que dê sentido a sua vida.
Todos presentes no terreno tiveram que entrar dentro do terreiro para não absorver, sem querer, a energia liberada pela limpeza que estava sendo feita.

Não costumava rezar, achava tolice e uma perda de tempo, porém sabia que para abrir uma janela de conexão com o mundo espiritual, para só então encontrar um rumo e uma razão, teria que lutar contra seus preconceitos e fazer coisas que não costumava fazer. Entendia porém o quão poderosa poderia ser a energia de um ser se canalizada em uma única direção, de vários seres então? Acreditava que o entendimento e vontade de uma pessoa acerca de algo podia modificar a matéria, guardadas as respectivas proporções e leis, algumas ainda possivelmente desconhecidas, da natureza.

Feita a limpeza, a Burra começou então seus cânticos de chamado para incorporação da Vó, faltava pouco agora e um certo grau de ansiedade se espalhou pelo garoto, uma ansiedade boa diria ele.

Assim que colocou seus pés dentro do terreiro a Vó o chamou, com aquele sotaque característico, com um carinho imenso. Sua mãe lhe perguntou se gostaria que ela permanecesse com os dois para uma possível ajuda com o entendimento do que a Vó teria para lhe falar, ele prontamente recusou, gostaria de poder escolher o que falaria do que aconteceria ali, afinal a busca era sua e de mais ninguém.
Sentou-se na frente da Vó e ela prontamente fez um comentário sobre o vestibular, centro das dúvidas de outrora, era uma afirmação mais do que uma pergunta:
"Você passou naquela prova né meu fio."
Respondeu que sim e agradeceu a Vó, afinal ela havia sido crucial na sua decisão de mudar de curso, mesmo contra a vontade de todos os seus familiares. Por isso hoje encontrava-se mais feliz do que nunca, realizado com a sua escolha para seu futuro profissional, vinha hoje atrás do seu futuro espiritual e pessoal.
Falou então da sua dúvida quanto à espiritualidade, que vinha sentindo necessidade de maior conhecimento espiritual para sanar suas curiosidades e dúvidas.
A Vó foi então muito sucinta e respondeu-lhe uma coisa inesperada, afinal ele acreditava que ela tentaria traze-lo para umbanda. Respondeu-lhe que devia estudar, que só através de estudos ele poderia sanar tais dúvidas e que precisava disso para encontrar seu rumo, disse não saber se seu futuro era na umbanda ou no kardecismo - achou isso relativamente interessante, pois ele havia visitado um centro espírita no dia anterior, mais tarde quando questionou sua mãe a respeito, ela disse que não havia comentado nada - mas que em seu futuro havia um trabalho que ajudaria muitos jovens. Recomendou-lhe que estudasse um pouco sobre cada religião e que tentasse extrair delas o melhor de cada uma, afinal todas as religiões merecedoras de respeito tem, em sua base e fundação, o objetivo de propagar o bem.
Quando estavam se despedindo, depois de ter recebido a benção da Vó, perguntou sobre a menina que havia lhe chamado a atenção, a Vó apenas respondeu que era um espírito bom que havia resolvido se mostrar para o jovem, e que mais coisas como essa iriam começar a acontecer, afinal segundo a Vó, ele era muito sensível para esse tipo de coisa.

Despediu-se da Vó e saiu com uma certeza, de que não importa o caminho espiritual que você escolher trilhar, seja ele crente ou descrente, se você for uma pessoa que busca passar o bem adiante e ser o melhor que pode ser.