domingo, 22 de março de 2015

mundo afora

Sobe na sela do teu cavalo,
Cavalga pelo mundo,
Sem pressa e sem destino,
Aproveita que és infinito e vai,
Vai pra nunca mais voltar.

Quando sentir saudade,
Amarra-o em uma árvore.
Quando cair a noite,
Deita-te no chão e sonhe,
Com tudo que ainda há de vir, ver, viver.

Lembre da infinidade de Deus,
Tudo que temos pra conhecer,
Saiba que não estarás sozinho,
Em cada passo do caminho.

Por onde passares plante uma flor,
Deixe seu perfume pelo caminho,
Em meio a tantos destinos,
Coração parti(n)do.

história que criamos sem percever

Um dia tudo vira história.

Algumas você irá querer contar aos seus filhos e netos, com alegria em relembrar bons momentos, outras você irá contar-lhes para ensinar uma lição, esperando que eles sejam sábios o suficiente para aprendê-la com você e não pelos trechos sinuosos dessa vida.

Nossos atos tem consequências e estas são de nossa responsabilidade, mesmo que não tenhamos a compreensão certa do que estamos nos tornando responsáveis por.

A clareza de pensamento permite que vejamos melhor as coisas, porém penso ser triste chegar em um momento e adquirir a clareza para ver toda a sujeira que se empurrou para de baixo do tapete.

O ser humano seria menos sozinho se construísse pontes ao invés de muros.


quarta-feira, 11 de março de 2015

companheirismo, saudade, reciprocidade

Quando a saudade é recíproca e o querer ver funciona como dois imãs que se atraem e o universo conspira a favor de almas companheiras.

O homem tudo pode quando quer, mas tem de querer, não basta só dizer que quer e tem que fazer por merecer.

Quando estamos com amigos, reunidos em alegria, estamos vibrando de felicidade na totalidade do nosso ser, parece-me que a saudade é a ausência dessa vibração específica, de quando estamos com determinada pessoa ou grupo de amigos, companheiros.

A reciprocidade da vibração não é, necessariamente, verdadeira, porém podemos compreender que quando há reciprocidade, esta vibração atinge níveis mais elevados e gera energias mais poderosas. Entre essas energias, compreendo estarem o Amor, a felicidade e o companheirismo, dentre outras.

Existe uma diferença entre saudade e nostalgia, algumas pessoas vivem nostálgicas a respeito de outras, pois sentem saudades de uma pessoa que já não mais existe, em uma época que já não mais voltará, mas não se mexem no sentido de ter esta pessoa renovada, do tempo atual, no seu presente, pois não sentem saudade de verdade.


quinta-feira, 5 de março de 2015

estalos

A fogueira estalava e as canções embalavam a noite em um ritmo de alegria que há muito não se via, por vezes ficava difícil perceber o que aquecia mais, se a fogueira ou a amizade dos que ali estavam.
Em dias como esse o reconhecimento da felicidade que as pequenas coisas da vida trazem é algo natural, naquele momento, em volta da fogueira ouvindo o violão em uma roda de amigos, sei que nada mais é necessário para mim, é como um verbo intransitivo, não precisa de complemento, é perfeito.

Precisamos aproveitar momentos como esse ao máximo e esforçarmo-nos por criá-los, afinal se aquilo é o que é, como podemos não querer que seja mais vezes?

Para relacionamentos existem duas concepções, a de duas metades de uma laranja e a de dois inteiros que se complementam, acreditava na primeira e há pouco tempo mudei minha visão para a segunda, porém uma coisa que acredito que não irá mudar é o quanto concordo com essa frase: "Alegria compartilhada é alegria redobrada.", conviver é a melhor maneira de viver, auxilia-nos a melhor compreender as coisas e, inclusive, a nós mesmos, desde que estejamos com uma mentalidade que busque esta evolução de pensamento.
Penso que ambas concepções podem dizer respeito a mais do que um relacionamento romântico, afinal relacionamentos existem nos mais variados tipos, e se em todos buscarmos conviver com respeito, harmonia e zelo pelo outro, vejo nisto uma receita para uma boa vida.

imobilidade

O rapaz sentou-se na poltrona e colocou seus pés pra cima, o dia já era noite e o ambiente estava escuro e silencioso, com um tom de melancolia no ar.
Seu espírito queria se mexer, fazer algo, sair daquela situação, porém sua alma parecia não responder a nenhuma dessas intenções.
A porta abriu-se atrás dele, por onde entrou um palhaço desajeitado que veio até sua frente, tirou-lhe os pés do apoio em que repousavam e sentou-se. Tirou então seu próprio nariz vermelho e colocou no garoto, que não esboçou nenhuma reação, então lhe disse:
"Queres ou não, o meio termo irá te corroer, amargurar e transformar-te numa piada velha e sem graça, sendo contada em um circo de segunda de onde muito provavelmente sairá um palhaço como eu, esperando arrancar algumas risadas de poucos pobres coitados que não souberam o que fazer com a própria vida e acabaram por ser espectadores de um show de horrores."
O palhaço então apertou o nariz vermelho, levantou-se e foi a cozinha fazer um chá que, depois de pronto, levou e colocou no encosto da poltrona ao lado do garoto que continuava sem exibir qualquer sinal de reação e ordenou:
"Toma! Teu caminho, teu rumo, tua vida de volta, faz dela o que tu quer, mas primeiro toma esse chá que te aquecerá a alma, e espero nunca mais te encontrar."

O rapaz então estendeu a mão para a pegar a caneca, porém antes que pudesse alcançá-la a cena dissolveu-se em nuvens e ele acordou.